Mapeamento de Comitês (auto-post)

Mapeamento de Comitês Regionais, Estaduais e Municipais rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

Este mapeamento está sendo realizado pelo Comitê Internacional da Marcha das Mulheres Negras com o objetivo de fortalecer a mobilização em todo o Brasil e no mundo. Queremos identificar e conectar os Comitês Regionais, Estaduais e Municipais que estão organizando ações para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, ampliando a articulação e garantindo que nossa luta ecoe em cada território.

Se você faz parte de um comitê ou conhece alguma organização envolvida, preencha este formulário e ajude a construir essa grande rede de resistência e transformação! ✊🏾🔥


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Atualizações em primeira mão!

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver é um movimento construído por mulheres negras de todo o Brasil, de diferentes gerações, territórios e contextos sociais.

Mulheres Negras em Marcha contra o genocídio enquanto política de Estado; e pelo impeachment de Cláudio Castro

Nota da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver sobre o massacre nos complexos da Penha e do Alemão (RJ)

A violência racial e de gênero contra as mulheres negras é uma ferida aberta que atravessa gerações. A recente chacina nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, onde mais de 120 pessoas foram executadas em uma operação policial, escancara o funcionamento de um projeto de sociedade que naturaliza a morte do povo negro. As cenas de mulheres negras recolhendo os corpos de seus filhos e entes queridos revelam o colapso moral e político de um país que insiste em negar humanidade ao próprio povo.

Embora a letalidade recaia, sobretudo, sobre jovens negros, as mulheres negras sofrem impactos múltiplos: no corpo, na saúde mental, nas condições de trabalho e renda, e na sobrecarga emocional de serem as principais responsáveis por buscar justiça diante da omissão do Estado. Quando as forças policiais escolhem executar em massa homens negros, enquadrando todos como “suspeitos” e negando o direito à defesa, o que resta às mulheres negras é a dor de reivindicar o óbvio: temos direitos. Somos nós que ficamos para enterrar os nossos, exigir justiça e resistir para que a morte não seja o único destino imposto à nossa gente.

O massacre no Rio de Janeiro é parte de uma longa lista de tragédias que marcam as periferias e os corpos negros em todo o país: Carandiru (SP), Cabula (BA), Urso Branco (RO), Curió (CE), Osasco (SP), Camaragibe (PE), Vila Cruzeiro (RJ). Esses episódios revelam a continuidade de um projeto sustentado pela necropolítica, que demonstra como o Estado decide quem pode viver e quem deve morrer. 

No Brasil, essa lógica se materializa nas favelas, periferias e prisões, onde a população negra é cotidianamente submetida a políticas de controle, encarceramento e eliminação. A megaoperação da Penha e do Alemão é mais uma expressão dessa política de morte, disfarçada de combate ao crime e sustentada pelo racismo estrutural que orienta o Estado brasileiro desde a escravidão.

Em uma democracia consistente, não há espaço para execuções sumárias, desaparecimentos e massacres promovidos pelo próprio Estado. A Constituição Federal garante a inviolabilidade da vida e o direito ao devido processo legal. Cada corpo negro estendido no asfalto é uma violação direta ao Estado Democrático de Direito e um lembrete da desigualdade racial que estrutura as instituições de segurança pública.

Para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, segurança pública se constrói com investimento em políticas de cuidado, educação, cultura, habitação e geração de renda; com o fortalecimento de redes de proteção e a presença do Estado não como força bélica, mas como garantia de direitos. É urgente romper com a lógica da necropolítica e instituir um novo pacto nacional de segurança pública centrado na vida e na dignidade.

Exigimos investigação independente, punição dos responsáveis e cassação imediata do governador Cláudio Castro, sob cuja gestão o Estado do Rio de Janeiro se tornou símbolo de uma política genocida contra o povo negro. Seguiremos em Marcha, porque a democracia só existirá quando nenhuma mãe precisar enterrar o seu filho vítima da violência de Estado.

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