
Mulheres negras na linha de frente da crise climática e ambiental
Durante a COP30, realizada este ano em Belém (PA), a Gênero e Número, em parceria com a Oxfam Brasil e o Observatório da Branquitude, lança o sumário executivo “Crise Ambiental e Climática: Mulheres Negras na Linha de Frente”, uma publicação que reúne dados oficiais e relatos potentes sobre como as desigualdades raciais e de gênero se entrelaçam à crise climática e ambiental no Brasil.
O lançamento oficial do sumário executivo acontecerá no dia 17 de novembro, às 19h30, no Quilombo da República, na Praça da República, em Belém, em parceria com o Comitê de Justiça Climática da Marcha das Mulheres Negras. O evento contará com a presença de representantes da Oxfam Brasil e do Observatório da Branquitude, organizações parceiras da pesquisa, e antecederá a plenária do Comitê.
O levantamento revela que as pessoas negras são as mais afetadas pela falta de acesso à água potável, ao tratamento de esgoto e à coleta de lixo, além de estarem entre as mais impactadas pela insegurança alimentar. A publicação também chama atenção para a ausência de dados interseccionais em bases oficiais — como no caso do IBGE, que, no Censo 2022, ainda não disponibiliza o cruzamento entre gênero e raça ao tratar de temas como saneamento básico e na Pnad, sobre segurança alimentar.
Sem dados interseccionais, não há políticas públicas eficazes. Por isso, este material apresenta dados sobre a população negra, quando o cruzamento por gênero não é possível, e informações específicas sobre mulheres negras, sempre que as bases permitem, como no caso do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), que traz dados sobre as vítimas de inundações no país.
Em um contexto em que as desigualdades históricas se aprofundam com os efeitos das mudanças climáticas, o estudo evidencia que são justamente as mulheres negras que têm construído alternativas concretas de sobrevivência e cuidado em seus territórios.
Por meio de dados oficiais, análises e histórias de vida, o documento destaca o protagonismo de mulheres que lideram hortas coletivas, redes de reciclagem e iniciativas de gestão comunitária da água — práticas que apontam caminhos para políticas públicas mais justas e efetivas, reconhecendo as mulheres negras como sujeitas políticas centrais da agenda climática.
“Diante desse cenário, torna-se urgente que políticas públicas nacionais e locais incorporem de forma transversal o recorte de gênero e raça, reconhecendo as mulheres negras como sujeitas políticas centrais na agenda climática. Ampliar o acesso ao saneamento básico, incluindo à água, investir em programas de segurança alimentar e fortalecer iniciativas comunitárias são passos fundamentais para a construção de uma agenda de justiça climática que dialogue diretamente com o direito à cidade”, reforça a introdução do documento.
Com apoio da ActionAid e em parceria institucional com a Marcha das Mulheres Negras, o sumário chega em um momento estratégico. A COP30, realizada no Brasil, coloca o país no centro das discussões globais sobre o futuro do planeta — e a publicação reforça que não há justiça climática sem justiça racial e de gênero. As soluções já existem, sendo gestadas e lideradas por mulheres negras em comunidades de todo o país.
Além disso, este material é uma prévia de um estudo sobre os impactos da 1ª Marcha das Mulheres Negras no enfrentamento das desigualdades no Brasil e as perspectivas para a 2ª Marcha, marcada para 25 de novembro.
Leia o sumário completo:
Sumário Executivo Justica Ambiental e Climática.pdf
Por Vitória Régia, Gênero e Número























